Turismo Cultural: definição e princípios
A cultura de um
povo manifesta-se através dos aspetos da vida quotidiana das populações assim
como através do património herdado.
A Comissão
Europeia encara o turismo cultural como um excelente meio para potenciar o
turismo, quer em termos de tempo, quer em termos de espaço, reduzindo o
congestionamento turístico, assim como a sazonalidade.
Segundo Licínio
Cunha (1997) o turismo é um meio de proporcionar o encontro de culturas que lhe
são preexistentes e de estabelecer relações com valores adquiridos. Neste
contexto, o turismo cultural promove e vende o acesso a uma cultura
preexistente, transformada em produto, ou seja, o turismo combina fatores
diversos para, mediante um preço, permitir a uma pessoa disfrutar de uma
manifestação ou expressão cultural.
Richards e
Bonink (1995, cit in
Fernandes, 2001) descrevem o turismo cultural como “O Movimento de pessoas para atracões culturais longe
da sua área de residência habitual, com intenção de adquirir nova informação e
novas experiências para satisfazer as suas necessidades culturais”.
A cultura de um
povo é expressa através da religião, festivais, costumes, cozinha, arte e
artesanato, arquitetura, música, dança, folclore, literatura e tradições,
suscita muita curiosidade por parte dos turistas levando a um aumento de
procura desta forma de turismo. A necessidade de voltar às raízes e valorizar o
que é autêntico são algumas das razões que levam ao aumento do turismo
cultural.
As manifestações
culturais diferenciam grupos, dão cor aos locais, tornam a vida mais
interessante.
Alguns
operadores turísticos europeus, referem-se às viagens com motivação
expressamente cultural, como férias artísticas ou férias educativas.
Segundo a
Convenção Internacional para o Turismo Cultural (OMT, 2000) a cultura e o
turismo têm que se suportar mutuamente para que a sua relação possa ser
sustentável, ou seja, tem que haver uma total cooperação entre o sector público
e privado trabalhando em cooperação com as comunidades.
Estudos recentes
revelam que os turistas europeus tendem a preferir destinos nos quais possam
experimentar e aprender sobre as formas de viver das populações locais. Neste
sentido preferem hotéis simples com atmosfera local, viagens independentes,
pretendem ter o máximo contacto com a população local (OMT, 2000).
Factores de Diferenciação do Turismo Cultural
O que distingue
o Turismo Cultural das outras formas de turismo é a questão da aprendizagem,
que no Turismo Cultural diz respeito à interação e usufruto da cultura local.
Smith (1989, cit
in Cunha, 1997) diferencia turismo cultural do turismo histórico, sendo que o
turismo cultural se relaciona com os estilos de vida das populações locais,
enquanto que o turismo histórico está relacionado com as atracões inerentes às
“glórias do passado”.
Atualmente é
também muito difícil distinguir turismo religioso de turismo cultural, uma vez
que é difícil saber de entre os visitantes de determinado centro religioso os
que aí se dirigem por questões religiosas, fundamentadas na fé, ou por mera
curiosidade.
De acordo com a
Organização Mundial de Turismo, os turistas culturais são as pessoas que viajam,
não só para relaxar e divertir-se, mas também para satisfazer a necessidade de
conhecer outros locais, fugindo ao seu enquadramento habitual. Neste sentido
para os turistas culturais a aprendizagem funciona como principal motivação,
dizendo essencialmente respeito à interação e usufruto da cultura local.
Pretendem,
também, satisfazer a sua curiosidade sobre outros povos, saber como vivem num
ambiente diferente do seu. Segundo a mesma fonte, este segmento tem vindo a
crescer 15% por ano na última década.
A OMT referencia
ainda que o turista cultural viaja com o principal objectivo de comparecer em
acontecimentos e festivais religiosos e não religiosos, exposições a museus,
arte, eventos musicais (opera e concertos) e teatro.
Crescimento e Massificação
O
Turismo Cultural tem crescido de uma forma acelerada nas últimas décadas.
Estudos recentes indicam um crescimento ainda mais acelerado no próximo milénio.
Muitas
explicações são encontradas para justificar o crescimento do Turismo Cultural.
Alguns autores
fazem a distinção entre fatores da procura e fatores da oferta para o fazer.
Do lado da
procura, destaca-se o facto de, no panorama internacional, os turistas
procurarem novas formas de turismo, buscando o “autêntico” em diferentes
culturas.
O aumento do
nível de escolaridade é outro fator considerado, sendo que é um importante meio
para a compreensão dessas outras culturas.
Muitos autores
identificaram, também, o envelhecimento populacional como fator de peso
(Fernandes, 2000). Deste modo, o autor considera que as pessoas idosas têm um
maior interesse pela cultura e dispõe ainda de mais tempo e dinheiro para as
suas viagens.
A cultura, sendo
encarada como fator de atracão, é determinante para a deslocação do turista,
levando muitas vezes a visitar locais não tão divulgados. O factor
autenticidade é um determinante para o crescimento do turismo cultural (Craik, 2001).
Do lado da
oferta, o turismo cultural surge como produto aliciante para as autoridades
locais, uma vez que, ao gerarem fluxos turísticos, geram também riqueza.
Neste contexto,
há uma grande aposta por parte dos líderes e políticos uma vez que o turismo
cultural gera aumento de postos de emprego e mais receitas.
Por outro lado,
esta forma de turismo não tem um padrão de sazonalidade definido uma vez que a
sua atividade não depende de fatores climatéricos.
Este
crescimento exacerbado leva a que o crescimento massivo tenha implicações
graves ao nível dos recursos turísticos, levando à sua degradação e ao seu
inevitável congestionamento. Será neste sentido que importa cada vez mais falar
em sustentabilidade dos próprios recursos para que os locais não percam o seu
equilíbrio e harmonia e para que gerações futuras possam, de igual forma, tirar
proveito destes bens. Assim, e cada vez mais, surge não só a necessidade de
implementar estratégias adequadas para controlar os impactos negativos do
turismo na cultura como a preocupação em definir o limite de capacidade de
carga.
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